Marge Piercy nasceu em 31 de março de 1936, em Detroit, Estados Unidos. Sua avó materna lhe deu seu nome hebraico, Marah, e foi criada por sua avó e sua mãe como judia.
Foi sua mãe quem a tornou uma poetisa. Ela encorajava sua filha a ler vorazmente, a observar atentamente e a se lembrar do que observava.
Sua infância foi feliz, porém, na adolescência ela passou de uma criança bonita e saudável para uma criatura esquelética com pele azul dada a desmaios. Em sua doença, ela se refugiou em livros.
Aos dezessete anos, depois de ganhar uma bolsa de estudos para a Universidade de Michigan, foi a primeira pessoa de sua família a ir para a faculdade. Lá, ganhou vários prêmios Hopwood por seus textos.
Ela não se encaixava em nenhuma imagem de como as mulheres deveriam ser. O freudismo que permeava os valores educados nos anos cinquenta a rotulava de aberrante por sua sexualidade e suas ambições. Também estava envolvida com o movimento dos direitos civis.
Casou-se com um homem judeu que, embora fosse gentil e inteligente, suas expectativas de papéis convencionais no casamento e sua incapacidade de levar a sério a escrita dela colocaram um fim no relacionamento. Após o divórcio, Marge teve vários empregos. Foi secretária, telefonista, balconista em uma loja de departamentos, modelo de artistas e professora de meio período. Nesse período, sentiu-se invisível.
Como mulher, a sociedade a definia como um fracasso: divorciada aos 23 anos, pobre, vivendo de trabalhos de meio período. Como escritora, ela era inteiramente invisível. Escrevia romance após romance, mas não conseguia ser publicada.
Marge queria escrever ficção com uma dimensão política, e queria escrever sobre mulheres que ela pudesse reconhecer, pessoas da classe trabalhadora que não fossem tão simples como esperava-se que elas fossem.
Ao passo que havia movimentos surgindo, e oportunidade de fazer coisas, eu despertei. Desde meus quinze anos me identifico com a esquerda, e o racismo era uma ferida purulenta da minha infância com a qual tive de lidar. Eu me importava com as questões das mulheres antes mesmo que pudesse entender tais questões. Por tanto tempo me faltava vocabulário. Eu era alguma coisa, mas o que essa coisa era eu não sabia.
Em 1962, casou-se novamente com um cientista da computação, em um relacionamento aberto.
De 1965 até o colapso de sua saúde, em 1969, seu foco principal era político, escrevendo apenas nos períodos em que não estava trabalhando para a organização política. Foi assim que ela escreveu Dance the Eagle to Sleep.
Em 1966, ajudou a fundar a NACLA, O Congresso da América do Norte na América Latina, uma organização sem fins lucrativos voltada para fornecer informações sobre as relações entre a América Latina e os Estados Unidos.
Envolveu-se com o feminismo, organizando grupos de conscientização e escrevendo artigos.
Sua saúde, porém, piorou. Ela e o marido mudaram-se para uma pequena cidade litorânea em Cape Cod, Massachusetts, e subitamente sua criatividade ganhou novos ares a medida que recuperava a saúde e um pouco de paz. Sua poesia mudou; ela agora tinha noção de si mesma como parte da paisagem e dos seres vivos.
Ali, tornou-se ativa no movimento feminista. Os anos se passaram e seu relacionamento começou a deteriorar, até chegar ao fim em 1976.
Casou-se com seu atual marido, Ira Wood, em 1982, após escreverem juntos a peça The Last White Class. Em 1997, fundaram a Leapfrog Press, uma pequena editora literária, e em 1998, escreveram juntos o romance Storm Tide.
Nos últimos anos, se envolveu com a renovação judaica e ajudou a fundar a Outer Cape, Am ha-Yam, e frequentemente oferece suas aulas no Elat Chayyim, um retiro de renovação judaica.
Hoje ela viaja pelos Estados Unidos e o mundo realizando leituras, workshops e palestras.
Para Marge, a rotina da vida cotidiana é importante para sobreviver como escritora política no longo prazo. No passado, quando não tinha apoio em casa, ela se sentia como se estivesse lutando em todas as frentes ao mesmo tempo. Hoje, seu lar é seu local de apoio.
Marge sempre celebrou tudo que pôde, pois aprendeu que os problemas sempre vão aparecer. Em sua poesia, ela dá graças ao que lhe foi dado, e testemunha o que nos foi negado.
Para ela, escrever é tão envolvente que ela não consegue imaginar nada mais desgastante ou excitante. Enquanto ela puder ganhar a vida escrevendo, se considerará sortuda.
É autora de 17 romances, 20 coletâneas de poesias e recebeu o prêmio Arthur C. Clarke Award pela obra He, She and It.