Os nomes dos dias

Em um remoto povoado no interior da Espanha, no final do século XIX, conheça seus fantásticos habitantes neste poético realismo mágico.

Um jovem médico chega à cidadezinha de Água d’Leste e conhece seus moradores, e descobre que cada um tem as suas peculiaridades: um homem já acostumado a morrer, uma moça que se debruça em quadros como se fossem janelas, uma mulher que sonha com o dia de amanhã todas as noites, um rapaz com uma estranha florescência nas pernas, e por aí vai.

A obra envolve e insere o leitor como um espectador das aventuras e desventuras dos moradores de Água d’Leste, unindo poesia e delicadeza a uma história que remete ao período em que a autora morou na Espanha.

Esta edição terá a arte de capa assinada por Juliana Russo, prefácio de Henrique Schneider, acabamento brochura com orelhas e páginas amareladas (podendo ser impresso em capa dura se alcançarmos a segunda meta!). Além disso, o conto “O espelho negro”, de Beatriz Chaves, fará a abertura da obra.

O envio das recompensas para os apoiadores está programado para começar em março de 2023, e esta campanha estará no ar até dia 12 de janeiro de 2022.

Simone Saueressig nasceu em Campo Bom (RS), em 1964. Publicou seu primeiro livro, O mistério do formigueiro, em 1987. Trabalhou como editora do suplemento infantil “Popinha” do Jornal NH, de Novo Hamburgo, e escreveu inúmeros contos infantis para o jornal “Ya”, de Madri. Em 2018, durante a 4ª Odisseia de Literatura Fantástica, recebeu o Troféu Odisseia pelo conjunto da obra. Já publicou diversos livros e contos ao longo de mais de trinta anos de carreira.

O morto

De agora em diante, leitor, ouvirás o mar. Tu e Florinda — que está deitada na cama, fingindo que dorme — escutareis como as ondas se quebram mansas e doces na areia branca. Não te deixes enganar por essas pálpebras que, fechadas, ocultam os olhos profundos e negros de Florinda. Ela está acordada. Foi a primeira pessoa da casa que despertou esta manhã. Despertou, mas se deixou ficar, fingindo que dormia, ouvindo o silêncio da madrugada, esperando que o marido se levantasse — e que tu estivesses ao pé da cama.
Florinda ouve o mar, e agora abre um olho — somente um. Senta-se e se estira. Olha ao redor como se estivesse presa em uma armadilha, fugazmente assustada. Depois suspira e acende a luz.
E o sol nasce no horizonte marinho.
O quarto de Florinda não tem janelas. É o costume dessa época que terminará plasmada em retratos, uma moda que passará, felizmente passará. Florinda às vezes pensa que vai morrer de claustrofobia, mas não morre. Respira fundo e recebe em cheio a brisa que despenteia os poucos fiapos que escapam da trança que prende uns cabelos longos, que, quando soltos, lhe cobrem as nádegas. Escuta o pio de uma gaivota. E o mar, e o mar.
O quarto de Florinda não tem janelas, mas tem quadros, inúmeros, que espalham pelas paredes montanhas, desertos, jardins. Há um em particular, de um largo campo verde, onde de vez em quando se vê passar um rebanho de ovelhas. Nesses dias, o balido dos animais é ainda mais forte que o som do oceano, e o ar se enche de uma alegria tonta, tonta. Às vezes ela pensa que Otávio finalmente ouvirá os sons, verá os quadros e se dará conta do que acontece neles. Mas, qual nada, Otávio está tão cego e surdo quanto os demais. Florinda se aproxima do quadro onde o mar se derrete em ondas, se debruça na moldura como em uma janela, vê o sol nascendo que reflete um pouco da luz da lâmpada e sorri, sorri para o sol, para o dia que nasce, sorri porque é feliz.
E se volta, passa por ti como se não te visse, se refugia atrás do biombo onde troca de roupa. Depois, sai do quarto, avança pelos corredores, pelos salões, desce uma escada, mais três degraus e entra na cozinha, onde a saúdam as empregadas e as irmãs.
O dia vai começar.

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  • Prefácio de Henrique Schneider;
  • Conto de abertura “O espelho negro”, de Beatriz Chaves;
  • Arte assinada por Juliana Russo;
  • Brochura 16x23cm com orelhas (se alcançarmos a terceira meta, o livro será em capa dura!);
  • Papel Pólen soft 80g (amarelado);
  • Marca-páginas exclusivo;
  • Brindes exclusivos da pré-venda.