Augusto Emílio Zaluar nasceu em Lisboa, Portugal, em 14 de fevereiro de 1826, filho do Major José Dias de Oliveira. Zaluar foi escritor, poeta, jornalista e tradutor.
Chegou a matricular-se no primeiro ano da Escola Médico Cirúrgica de Lisboa, mas preferiu dedicar-se às atividades literárias e abandonar os estudos em medicina. Ainda em Lisboa, trabalhou como como jornalista literário para o jornal A Época. Escreveu suas primeiras obras, Poesias (1846) e A cruz do Valle (1848).
Sua vinda para o Brasil ocorreu em 1849, chegando ao Rio de Janeiro em 3 de janeiro de 1850. Naturalizou-se brasileiro seis anos depois, em 1856. Os fatos que o obrigaram a deixar sua pátria e se estabelecer no Brasil ainda não foram totalmente esclarecidos, mas suspeita-se de questões políticas. Augusto casou-se e teve três filhos.
No Brasil, fundou o jornal Espelho, escreveu para o jornal O Álbum Semanal, para O Globo e foi criador e diretor de O Vulgarisador: Jornal dos conhecimentos uteis, que circulou de 1877 a 1880, com o objetivo de divulgar os conhecimentos científicos para a população, apresentando com temas as inovações tecnológicas e as ciências, sem, contudo, esquecer-se da literatura. Além destes, também foi editor do jornal O Parahiba, voltado para o comércio e indústria, A Civilização, focado nos interesses gerais do país, e O Município, que possuía elementos de todos os anteriores.
Dentre suas obras literárias, temos: Dores e flores (1851), o livro de poesias Revelações: o lar, ephemeras, a musa frateral, harba brasileira (1862), Peregrinação pela Província de São Paulo (1860-1861) (1862), Hino do Paysandu (1864), Uruguaiana (1865), Os heróis brasileiros na campanha do sul (1865), Cofre de tartaruga (1866), Contos da roça (1868), Sábios ilustres (1869), Emília Adelaide (1871), Primeiro livro de leitura e moral para uso das escolas primárias (1871), Manoel Antonio de Almeida (1871), O Doutor Benignus (1875), os artigos Exposição nacional brasileira (O Globo, 1875), Lições de coisas inanimadas e animadas (1876), Compêndio de um curso de philosofia elementar (1877), A minha irmã (1878), Primeiro livro da infância e adolescência (1880), Noções elementares de geografia (1880), Nova série de livros de leitura graduada (1881), Segredos da noite, A criação, Os rios e História da Bello Judaico. Além disso, finalizou o romance de Alexandre Dumas, Os Mohicanos de Pariz, quando sua publicação original foi suspensa em 1860, que traduzia para o jornal Correio Mercantil. Quando o escritor francês retomou o romance, Zaluar continuou sua tradução, ignorando o desfecho que ele mesmo havia escrito.
O escritor não escondia sua admiração pelas obras de Júlio Verne, que lhe serviram de inspiração para a criação de O Doutor Benignus (1875), considerada o primeiro romance de ficção científica do Brasil. Foi um grande consumidor da obras contemporâneas de seu tempo, sobretudo as produzidas no Brasil, tornando-se assim um profundo conhecedor do público e do mercado editorial brasileiro. Assim, teve um importante papel no desenvolvimento da literatura brasileira. Além disso, era grande estudioso e possuía uma visão ampla e aprofundada dos acontecimentos e do desenvolvimento científico de seu tempo, como afirma Duarte: “conhecer a sua obra é dar-se conta de algumas das formas como eram estruturadas e desenvolvidas a ciência, a educação e a literatura da segunda metade do século XIX”.
Em suas cartas, é possível perceber a saudade que sentia por sua terra natal e o desejo de regressar, algo que nunca aconteceu, talvez pelo motivo de sua vinda ao Brasil ou talvez por motivos financeiros.
Faleceu em 3 de abril de 1882, no Rio de Janeiro, com 56 anos.
Referências:
Duarte, Denise Aparecida Sousa. Augusto Emílio Zaluar: aspectos da trajetória e produção de um intelectual português no Brasil do século XIX. In: Temporalidades – Revista Discente do Programa de Pós-graduação em História da UFMG, vol. 2, n.º 1, Janeiro/Julho de 2010 – ISSN:1984-6150 – www.fafich.ufmg.br/temporalidades