Tenho a grande felicidade de anunciar o primeiro livro da Editora Minna, nada mais, nada menos do que o primeiro romance de literatura fantástica escrito por uma mulher brasileira:
A Rainha do Ignoto
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A Rainha do Ignoto é um romance escrito pela autora cearense Emília Freitas e foi publicado originalmente em Fortaleza em 1899. A obra trata de assuntos que atormentavam a autora em sua época e que infelizmente continuam bem atuais, como a violência doméstica, a depressão, a incompreensão e as limitações injustificadas impostas às mulheres por uma sociedade de costumes patriarcais.
Esquecida pelo tempo, A Rainha do Ignoto agora recebe uma nova edição em comemoração aos seus 120 anos de existência, com arte assinada pela artista brasileira Ana Novaes e cotejada com a primeira edição de 1899 (em outras palavras, foi realizada uma cuidadosa leitura comparando a primeira e a última edição publicada, e uma revisão com base no acordo ortográfico de 1990).
Sinopse:
Quem é a mulher a quem chamam de Rainha do Ignoto?
Após formar-se em direito e retornar à sua cidade natal, nos sertões do Ceará, Edmundo depara-se com uma lenda local. Aparentemente, lá pelos lados da serra do Areré, havia se instalado uma mulher misteriosa. Foram poucas as pessoas que viram sua sombra navegando pelo rio Jaguaribe, mas suas canções melancólicas e de beleza ímpar podiam ser ouvidas por todos aqueles sensíveis aos sons da noite.
As lendas contam a história da fada encantada, da bruxa, da assombração de uma bela moça vestida de branco seguida de perto por um demônio de olhos de fogo. É a fada encantada da gruta do Areré, a Funesta, a Rainha do Ignoto.
Cada vez mais fascinado pelas lendas sobre a figura envolta em mistérios, o doutor Edmundo decide abandonar a pequena cidade cearense e infiltrar-se no reino do Ignoto. Lá, descobre um novo mundo, uma sociedade inacreditável de cientistas, políticas, médicas, engenheiras, professoras, as chamadas Paladinas do Nevoeiro. Era, em verdade, um refúgio da violência, da tristeza, da incompreensão, formando uma nova sociedade mais justa, funcional e pacífica. Mas poderá esse reino utópico sobreviver aos desafios que o futuro apresentará aos seus cidadãos e principalmente à sua Rainha?
Contrastando o real e o fantástico no longínquo século xix, Emília usou a ficção em sua mais nobre missão: escancarar e questionar os valores de sua época, os costumes patriarcais que limitam as mulheres, a violência doméstica, a escravidão. Assim, a escritora poetisa usa a ficção para especular: e se fossem dados às mulheres os mesmos direitos dos homens? E se não houvesse diferenças entre as pessoas e todas fossem livres para trilhar seus próprios caminhos? E se aqueles que sofrem tivessem o amparo necessário para se erguerem novamente? E se…
Emília Freitas
Em 1899, Emília Freitas iniciou sua obra com um pedido de desculpas aos intelectuais de sua época, principalmente aos escritores brasileiros, já prevendo as críticas que receberia pelo seu romance ousado para a época, no qual mulheres comandam todos os ramos de uma sociedade, inclusive governando-a. Uma das pioneiras na literatura fantástica brasileira, estava ciente do ar inacreditável de sua obra. Mas ainda assim a oferecia a quem tivesse o coração aberto para recebê-la das mãos da humilde (e sagaz) escritora.
Talvez tão misteriosa quanto a própria Rainha do Ignoto, poucos registros dessa escritora cearense chegaram até nossos dias. Emília nasceu em 1855, filha de um tenente-coronel do interior do Ceará. Após a morte do pai, a família mudou-se para a capital, onde Emília teve a oportunidade de estudar. Escolheu formar-se professora. Foi poeta e romancista, tendo escrito para diversos jornais literários, dentre eles o Libertador e o Cearense. Participou ativamente da Sociedade das Cearenses Libertadoras, ligada à causa abolicionista.
Casou-se em 1900 com o jornalista Antonio Vieira e faleceu em 1908, após a morte do marido, em Manaus. De suas obras, temos notícias de O Renegado (romance), Canções do lar (1891; coletânea de poesias publicadas em jornais) e seu último trabalho conhecido, A Rainha do Ignoto (1899, romance).
Onde comprar: a obra está disponível clicando aqui.
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Edições Históricas
Esta é a folha de rosto da primeira edição de A Rainha do Ignoto, publicada em 1899 pela Typographia Universal, em Fortaleza, com 456 páginas.
A segunda edição de A Rainha do Ignoto foi publicada em 1980, com 363 páginas, pela Secretaria de Cultura e Desporto e pela Imprensa Oficial do Ceará. Foi editada pelo professor Otacílio Colares, da Universidade Federal de Santa Catarina, que resgatou a obra até então esquecida da escritora cearense.
A terceira edição de A Rainha do Ignoto foi publicada em 2003 pela Editora Mulher, da EDUNISC, com 432 páginas. Esta edição foi coordenada por Zahidé Lupinacci Muzart e conta com cotejo, introdução e notas por Constância Lima Duarte; arte da capa por Alphonse Mucha. O cotejo com a primeira edição, porém, estendeu-se apenas até o capítulo LX, devido à dificuldade em localizar exemplares da primeira edição.
Esta edição da Editora Minna é uma edição comemorativa dos 120 anos da obra e foi publicada em 2019, por meio de um financiamento coletivo. A obra conta 352 páginas, com revisão e cotejo de Thatyane Furtado e arte de capa de Ana Novaes. O cotejo foi realizado com uma edição completa da obra original, ou seja, da primeira edição de 1899, quem sabe a única do país, disponível em um centro cultural do Pará.
Colaboradores da edição
A editora Minna agradece a todos que contribuíram para que A Rainha do Ignoto fosse publicada.
Eduarda Bassan Petry
Henry A. Y. Mähler-Nakashima
Tânia Maria Florencio
Guilherme Ramos Gonçalves
Edison Michael Washington Santos Nunes de Lima
Renata Del Vecchio Gessullo
Luísa Lima e Mota
Flávia Martins
Carolina de Arruda Garcia
Luciano Caletti
Sabrina Burgarelli Martins Machado
Jeane Melo
Janderson Soares Silva
Grace Kim
Jessica Camila Ferreira da Silva
Ligia Helena Chaves Poloni Gomes
Daniella Salamão
Juliana Paula Almeida Cordeiro
Nathan E. Fernandes
Alba Regina Andrade Mendes
Lucas Santana
Ingrid Teixeira Peixoto
Elton Furlanetto